segunda-feira, 30 de agosto de 2010

És ainda do tamanho de uma azeitona, mas já és uma vida a me renovar.
Já me pego imaginando com será seu pequeno rosto.
Saio na rua e só enxergo outras grávidas (incrível).
E tenho me sentido esquisita, capaz de sentir todas as emoções em menos de 1 hora, indo de uma enorme alegria que parece não ter fim, ao mau humor incontrolável. Coitado de seu pai e seu irmão, que já estão sofrendo na pele isso tudo, porém também esperam sua chegada ansiosos.

És fruto de um belo sonho e todos já aguardam contemplar seus olhos.
Preparo meus braços para ampará-lo e por hora entrego meu corpo e minhas forças e tudo mais que precisares para que possas crescer e fortificar-se, e na hora certa, quando chegar o dia de nosso encontro, em que verei seu rosto pela primeira vez, saberei que és mais do esperei e então nós (Mamãe, Papai e e seu irmão) te amaremos muito mais

Seja bem vido ao meu ventre... Já te amo

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Anúncios sutis como elefantes

Não tenho boa memória para publicidade. E seria muito neurótico de minha parte ficar na frente da TV anotando o texto exato do anúncio só para comentar depois. Não sei se era de um banco, de um provedor de internet ou de companhia de telefônica.
Só sei que aparecia um tipo em trajes de banho, numa espreguiçadeira, curtindo sua piscininha. Ao lado, a namorada de maiô. O locutor começa: “Que tal se você mudasse de namorada... arranjasse uma mais simpática, mais bonita, mais interessante... etc.” E, num truque de computador, surge uma loiraça de biquíni contorcendo-se na frente do rapaz. Irresistível. Espetacular. O carinha se interessa.
“Ah, não”, brinca o locutor. Você não vai abandonar a sua namorada, não é? Puf, a loira some e o rapaz volta à situação de início. Que decepção. “Mas você pode”, festeja o locutor, “mudar de banco ou de seguradora! E a nossa empresa é tão espetacular quanto a loira desaparecida.”
Fico chocado. Não quero ser moralista demais. O escandaloso do anúncio não é que se faça o elogio do adultério. O que faz de pior é tratar a situação “normal” do personagem – muito feliz ali com a namorada, que nada tinha feito de errado – como sinal de perda, de fracasso, de burrice.
É como se o anúncio dissesse: meu poder é tão grande, as tentações que manipulo são tão poderosas, que eu sei e você sabe que o certo é largar tudo e ir correndo atrás delas. O seu desinteresse pelos meus serviços – sua fidelidade – são pura hipocrisia. Muito bem, estou dando uma chance a você de provar para mim que não é otário nem hipócrita; afogue sua namorada na piscina, delete-a da memória e assine aqui este contrato. A pessoa que está do seu lado, sabemos, é apenas uma fornecedora de serviços não muito satisfatória se comparada à loiraça que, agora, você teme perder.
A brutalidade desse anúncio de alguma forma se autodenuncia. Quanto mais vejo TV, mais dificuldade tenho em dissociar publicidade de prostituição. Mas o cliente poderia ao menos ter a ilusão de que gostam mesmo dele. Já estão me tirando isso. Penso em outro anúncio.
O pai aparece dirigindo, com a filha adolescente no banco de trás. Ela vai logo dizendo: “Pode parar, fico aqui mesmo, não precisa me levar até a porta”. A situação se repete com outro adolescente. Claro, pensamos filhos dessa idade têm vergonha de serem vistos junto com os pais.
Mas não era isso. Um terceiro menino, de uns 11 anos, faz questão do contrário. Quer que o pai o deixe bem na porta do cinema, onde será visto pelos amigos. A câmera se afasta, e vemos a razão. É que o pai do menino tem um carro da marca X... e o garoto quer exibi-lo diante dos coleguinhas.
Conclusão do amável locutor (será o mesmo?): não é que seus filhos tenham vergonha de você. Eles têm vergonha é do seu carro.
Mas como o locutor sabe qual é o meu carro? A minha namorada tudo bem, ele e eu concordamos que é fraquinha, devendo ser dispensada sem aviso prévio. Mas o meu carro?
A conclusão do anúncio, claro, é diversa daquela apresentada. Quando eu comprar o carro indicado, poderei levar meus filhos até a porta do cinema ou da festinha. Não é que meus filhos devam ter orgulho de mim: eles devem ter orgulho do meu carro.
Que valores, hein? Num ambiente desses, dizer que Bush “defende” os “valores ocidentais” no Iraque – democracia, liberdade, direitos humanos – não soa muito convincente. Os verdadeiros valores ocidentais, por aqui, parecem ser outros.
Por falar em Ocidentes e em carros, cito um último anúncio, mais sutil. Vale como símbolo, sem dúvida autoconsciente, da comédia da globalização e do colapso das economias nacionais do Terceiro Mundo.
Estamos na índia ou no Paquistão, tanto faz. Um rapaz “étnico” tem um carrinho da década de 60, todo quadrado, não sei de que marca – alguma fábrica local já extinta.
Pega o carro, bate contra um muro, amassa-o de todos os lados, e até convoca um elefante para sentar-se no capô. (Na Índia, há elefantes por toda parte, e talvez isso atrapalhe muito o trânsito. Por isso mesmo, quero um motor mais potente.) Em todo o caso, o elefante fez um bom serviço. Ajuda a tornar o carro um pouco mais arredondado, do jeito que o indiano queria.
Sim, pois o que nosso mísero nativo desejava era tornar seu carrinho o mais parecido possível com o novo modelo da marca Y, um prodígio do design arredondado. E eis agora o indiano na porta de uma boate, tentando fazer sucesso com a prensagem elefantina do seu velho modelo. Será que foi buscar o filho?
Mas eles continuam tendo filhos lá na Índia?
E continuam fazendo carros? Melhor importar logo um de fora. E também a loiraça.
(Marcelo Coelho. Folha de S. Paulo, 9/4/2003)

segunda-feira, 10 de maio de 2010


"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"

Charles Chaplin

sexta-feira, 7 de maio de 2010


Amooo muitoooooo!!!!!!