sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ahhhh, a primavera!

Finda o inverno e sua paisagem dicromática. 
Entra a primavera - levantar-se das flores.

Ressurgir,
renascer...

Vida!
Vida?!

As borboletas com suas curtas vidas anunciam:
eis iniciada a festa das cores


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Lígia 

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou à Ipanema
Não gosto de chuva
Nem gosto de sol

E quando eu lhe telefonei
Desliguei, foi engano.
Seu nome eu não sei,
Esquecí no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer

Não, Lígia, Lígia.

Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um choop gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon

E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão
O seu nome rasguei
Fiz um samba-canção
Das mentiras de amor
Que aprendí com você.

Lígia, Lígia.

E quando você me envolver nos seus braços serenos
Eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo
Que um raio de sol

Ligia, Ligia.

Chico Buarque


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Casa fechada,
luz apaga,
falta de ar.

Bagunça organizada,
Pia desarrumada,
louça por lavar.

As coisas ficam sempre ali, onde você deixou,
como se o tempo tivesse congelado aquele ambiente
esperando de que você volte para terminar o que começou
(ou finalize sem terminar mesmo)

O chá esfriou na mesa revirada,
Será que quem preparou volta para tomá-lo?
Quem sabe?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Resposta ao post anterior

"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."(Caio F.Abreu)




"Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também. Uma vontade de ser. Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho. Que me dê cadência das atitudes na hora de agir. Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja ou do mal que tenha feito para mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais, de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesma seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a vontade de paz e o desejo de viver."
 (Caio Fernando Abreu)

Se te queres matar, porque não te queres matar?


Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;

...
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem,
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?


domingo, 11 de setembro de 2011

Emluamar


Oh, Lua cheia... teu clarão ajudou-me a adormecer essa noite.
És imperdoávelmente linda... fica mais alguns dias para alegra-me com tua grandeza.

Tenho mais um pedido... Não te esqueças... 
Hoje, depois que vieres iluminar minha noite e já estiveres indo enluarar o mar com seu doce toque e dormir em suas produndezas misteriosas, leva contigo todo o devaneio e as dores que ele causa, 
amarra-o bem firme no fundo do mar para que ele nunca mais torne a me destruir.

Depois disso volte para enluarar minhas noites, e em qualquer fase que estiveres, oh mãe das estrelas, 
quero admirá-la (livre em mim mesma)... e agradecê-la pessoalmente...